Mara Lúcia

Balanço anual, balancete, balanço financeiro e demais substantivos aplicados a estas obrigações, são todos atos que se completam de forma contínua. No que se refere ao balanço financeiro, temos que ele detalha os ativos, passivos e o patrimônio de uma empresa (robustez financeira). Já o balancete tem a função complementar, de demonstrar precisão e equilibro de lançamentos em livro caixa. Caso estes lançamentos estejam divergentes, imprecisos e irregulares, podem os mesmos serem nomeados pela Receita Federal como evasão e/ou fraude contábil.

Mas a pergunta que não quer se calar é a seguinte: “Você, empresário, sabe analisar e usar as informações básicas de um balanço ou balancete para ver a saúde de sua empresa?”

Ao contrário do que pareça, a questão é de pura leitura de dados e não exige um conhecimento matemático muito apurado, até mesmo porque, a métrica prima sempre por comparação entre dados e parâmetros.

Assim, vamos lá. Uma das primeiras orientações para o entendimento de um balanço deve sempre se iniciar pela realidade e qualidade dos lucros. Tal ato precisa estar alinhado com a análise em conjunto da demonstração de resultados e da demonstração de fluxos de caixa. Onde o parâmetro que se busca, se realiza na existência de operações de caixa maior ou igual ao lucro líquido da empresa. Comparar estes dois fluxos permite a verificação de "caixa fraco" e possibilita a verificação de fraude no caixa e de possíveis problemas futuros de existência e solidez empresarial.

Partindo deste princípio, deve-se verificar quanto de caixa a empresa possui em seu balanço patrimonial e comparar estes valores com o valor de endividamento da empresa com credores a curto e longo prazo. Estes valores serão de relevância para se verificar os valores de caixa e o comprometimento da empresa para o futuro, pois se ela não gera lucro como poderá quitar compromissos nesta mesma esteira.

Feito isso verifique o planejamento anual de gastos e lucros da empresa para o porvir, pois desta forma você poderá se precaver de acúmulo de endividamentos que poderão consumir com o passar dos tempos, a própria existência de sua empresa.

Na sequência, evite o “borborinho” de notícias pessimistas sobre seu negócio, fixe a atenção na sua realidade, não seja tão sensível a todas as notícias do seu mercado de atuação, pois a sua realidade está expressa no balanço de sua empresa e você sempre terá que tomar alguma medida pensando nisso.

A seguir, compare os balanços de sua empresa com balanços anteriores, estes documentos mostram o histórico evolutivo de seu caixa e como sua empresa está se comportando no tempo e espaço de existência. Uma das principais vantagens desta comparação é eliminar técnicas de administração obsoletas e desnecessárias, bem como, buscar no tempo pretérito, quais foram os meses mais fortes, abundantes e fracos de seu caixa. Ao que alinha motivos e fatores que influenciaram ganhos e perdas em determinados meses e/ou períodos. Assim, você garante uma previsão de compra mais eficaz em cada época do ano e mantém seu caixa equilibrado em momentos em que é menos exigido, sem cair na velha armadilha de lucros inexistentes e irreais.

Ligue o alerta sempre que sua margem de lucro operacional decair, esta informação demonstra o quanto sua empresa mantém de lucro após pagar os custos diretos e indiretos. Margens de lucros baixa, afetam o capital de giro e podem sinalizar o risco de comprometimento de existência de sua empresa e o pior, a criação de uma “bola de neve” pronta para destruir com seu negócio.

Por fim, seja mais técnico do que confiante na gestação de sua empresa, saiba dos seus limites, pois seu balanço empresarial demonstra isso facilmente. Falsos dias de Glória não mantém negócios empresariais, pois o mercado além de ser exigente é muito agressivo com quem não consegue administrar bem o patrimônio que possui.