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Jonathan Rocha

Administrador de Empresas pela PUC Minas, pós graduado em Gestão de Pessoas e Liderança (FIPMOC) e em Controladoria e Finanças (IEC/PUC). Consultor de treinamentos da BR Distribuidora e da ALE Combustíveis, uma das 4 maiores distribuidoras do país.

Não perca o trem do Progresso

Ou embarcamos nele, ou somos atropelados por ele.


Recentemente a Volkswagen lançou uma campanha publicitária que conta com a participação da cantora Maria Rita, em vida, e da sua mãe Elis Regina, por meio de Inteligência Artificial, já que a também cantora faleceu em 1982. Essa campanha causou grande alvoroço e dividiu opiniões nas redes sociais e nas agências de regulação de mídia, como o CONAR – Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária, que abriu processo ético contra a fabricante de veículos e sua agência publicitária AlmapBBDO com base no seguinte questionamento: “É certo ou não ‘reviver’ uma pessoa morta de forma digital em uma propaganda?”.

A Inteligência Artificial, ou IA, é um avanço tecnológico que permite que sistemas simulem uma inteligência similar à humana, indo além da programação de ordens específicas, para tomar decisões de forma autônoma, baseadas em padrões de enormes bancos de dados.

O avanço dessa tecnologia está tão grande que já inundou nossas redes sociais com filtros que simulam nossa aparência com mais idade ou inspiradas em personagens de cinema, também com recursos de dublagem em outros idiomas e ainda com discursos na ONU, onde uma humanoide de nome Sophia respondeu a um jornalista durante sua coletiva de imprensa que “as máquinas teriam potencial de governar o mundo com maior eficiência que os humanos”.

Os limites de tal tecnologia ainda não podem ser mensuráveis, e os questionamentos éticos precisam e devem ser feitos. Exemplo disso é a greve dos artistas americanos, recentemente anunciada. A SAG–AFTRA (Screen Actors Guild – American Federation of Television and Radio Artists), sindicato dos artistas americanos, anunciou paralisação pela primeira vez em 63 anos. Além de uma melhor divisão dos pagamentos dessa grande indústria audiovisual, o que deflagrou de vez a greve foi a possibilidade de reprodução da imagem de artistas e produção de textos com o uso da Inteligência Artificial.

Vejam, toda nova tecnologia repercute e traz mudanças na maneira como vivemos, nos relacionamos ou nos comunicamos. O ponto que quero discutir é a forma como nos posicionamos frente a essas alterações.


NOSSO COMPORTAMENTO FRENTE AO ‘NOVO’ DETERMINA NOSSO LUGAR NA HISTÓRIA.


Ouvi do palestrante Arthur Igreja que o progresso é como se fosse um trem. Ou você embarca com ele na estação, ou ele te atropela se ousar tentar pará-lo. Vejam que já houveram tentativas de frear o progresso. Vou citar algumas delas:


Kodak ‘vs’ Câmera Digital

BlackBerry ‘vs’ Smartphones

Blockbuster e outras locadoras de filmes ‘vs’ Plataformas de Streaming

Gravadoras de Discos ‘vs’ Napster

Bancos Tradicionais ‘vs’ Bancos Digitais

Táxi ‘vs’ Uber


O que todas essas guerras têm em comum? O lado vencedor sempre foi o do NOVO. Aquilo que surge para atender uma demanda que o consumidor algumas vezes nem sabe que tem. Afinal, como dizia Steve Jobs, “as pessoas não sabem o que querem, até mostrarmos a elas”. Independente de manifestações de entidades de classe, de empresários, de políticos que, no máximo retardam a chegada ou ampliação das inovações, elas sempre vencem se atenderem a uma demanda dos seus clientes e eles a desejam em suas vidas.

Lembro do que disse Michael Oliveira, Fundador do Instituto Brasileiro de Liderança, na época que o Uber estava chegando ao Brasil e os taxistas os agrediam, apedrejavam seus carros, armavam emboscadas e tudo mais. Ele escreveu em seu LinkedIn recomendando que os taxistas vendessem suas placas de táxi enquanto ainda valiam algo e fossem trabalhar como Uber. Quem ouviu sua dica, pode ter salvado um bom dinheiro.

Placas de táxi em Belo Horizonte/MG, por exemplo, já foram vendidas a pouco tempo atrás por 170 mil Reais, chegando a 200 mil reais. Hoje, podem ser encontradas por 100 mil. Difícil é encontrar comprador interessado. Lembrando que os taxistas não perderam o mercado para o Uber, e sim pela sua ineficiência na melhoria da qualidade de atendimento ao cliente. Isso afastou seu público e foi a abertura para a entrada de novas soluções.


E o Posto e a Conveniência nesse cenário de Inovação Constante?


Muito me perturba observar alguns movimentos de revendedores ou seus representantes semelhantes aos daqueles que exemplifiquei logo acima. Ou seja, refutando o novo, ou ignorando-o e até mesmo o desqualificando, como sendo algo que “não pega” ou que “o povo não quer”.

Uma das principais características do(a) revendedor(a) de sucesso é a RESILIÊNCIA. A capacidade adaptativa é utilizar o novo como uma ferramenta de crescimento exponencial, e não tratá-lo como inimigo.

O PIX, por exemplo, se consolidou como o meio de pagamento MAIS USADO PELOS BRASILEIROS. Em dois anos de existência, ele acumulou até novembro do último ano 26 bilhões de transações e movimentou 12,9 trilhões de Reais. Neste cenário, um posto de combustíveis ou uma conveniência que não receba nessa modalidade, ou que dificulte o pagamento por conta de sistemas de gestão não adaptados, perde a todo momento oportunidades de venda e até mesmo o interesse do cliente em retornar.

Desprezar o poder do banco de dados, faz com que não seja possível a utilização, por exemplo, de toda capacidade da Inteligência Artificial em prol do seu negócio. Lembre-se, a IA é tão eficiente e poderosa por se valer de bancos de dados. Se seu empreendimento não coleta dados, ou não os atualiza, ou até mesmo não gerencia essas informações adequadamente, PERDE OPORTUNIDADES.

Enxergar a nova tentativa de entrada do veículo elétrico como arqui-inimigo da revenda, sem avaliar as oportunidades que esse mercado pode agregar ao negócio, faz com que a busca por adaptação tardia seja cara e, para alguns, inviável.


O Futuro

O futuro, como sempre, continua incerto. Mas estar atualizado com as novidades do mercado, principalmente tecnológico, investir em gestão da informação, apostar na acessibilidade do negócio a diversos meios de pagamento e na comodidade do cliente, parecem ser uma estrada mais segura e menos esburacada a ser percorrida nessa viagem rumo ao desconhecido.