jonathan

Jonathan Rocha

Administrador de Empresas pela PUC Minas, pós graduado em Gestão de Pessoas e Liderança (FIPMOC) e em Controladoria e Finanças (IEC/PUC). Consultor de treinamentos da BR Distribuidora e da ALE Combustíveis, uma das 4 maiores distribuidoras do país.

A Difícil Arte da Retenção de Talentos

Uma nova geração de trabalhadores requer novas estratégias de retenção


Reter talentos nada mais é do que um conjunto de estratégias e ações que tem como objetivo manter na empresa aqueles bons colaboradores e profissionais talentosos.

Acredite: hoje em dia isso não é nada fácil de ser feito. Principalmente com a nova geração de profissionais que surgiu nos últimos anos.

Para definir suas estratégias, antes é imprescindível que conheça sua equipe e saiba exatamente com quais gerações está conversando. Você já deve ter ouvido falar em geração X, Y, Z, millenials, etc. Esses nomes estranhos derivam de pesquisas que apontam uma certa tendência comportamental no trabalho de pessoas nascidas em um determinado intervalo de anos.

No mercado atual, temos:

  • Baby Boomers: nascidos entre 1946 e 1964.

  • Geração X: nascidos entre 1965 e 1980.

  • Geração Y ou Millennials: nascidos entre 1981 e 1996.

  • Geração Z: nascidos entre 1997 e 2010.

Ainda temos a geração ALFA, mas não estão presentes no mercado de trabalho ainda. Estão com, no máximo, 13 anos agora.

Vamos conhecê-los melhor?

Baby Boomers

São indivíduos que viveram as grandes transformações do pós-guerra. Em geral, criados com muita rigidez e disciplina, cresceram focados e obstinados e valorizam muito o trabalho, a família, a realização pessoal, a estabilidade financeira e a busca por melhores condições de vida.

Geração X

Sucedeu aos Baby Boomers. Essas pessoas vivenciaram a fase da Guerra Fria e sentiram as transformações provocadas por movimentos de grande impacto no cenário social e cultural, como maio de 68, a onda hippie e a luta por direitos políticos e sociais.

No Brasil, as crianças nascidas nessa fase testemunharam a ditadura militar e seu declínio, o desenvolvimento industrial e o crescimento econômico. Em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, as pessoas dessa geração dão valor aodiploma formal e à capacitação e estabilidade profissional.

Geração Y ou Millennials

Essa faixa presenciou a chegada do novo milênio ainda criança ou bem jovem. Considerada criativa e alinhada às causas sociais, não tem como prioridades o trabalho intenso, a formação de uma família nem a busca por estabilidade na carreira, ao contrário das gerações anteriores.

Acostumados com a tecnologia, são multitarefas, impulsivos,competitivos, questionadores e desejam rápido crescimento profissional e financeiro.

Geração Z

Os jovens que nasceram a partir de 1997, entraram de vez no mercado de trabalho. Eles são nativos digitais, ou seja, convivem com o universo da internet, mídias sociais e recursos tecnológicos desde o nascimento. Além disso, sãomultifocais e aprendem de várias maneiras, usando múltiplas fontes e objetos de aprendizagem.

Costumam acompanhar os acontecimentos em tempo real, comunicam-se intensamente por meios digitais e estão sempre online. Em termos de comportamento, tendem a se engajar em questões ambientais, sociais e identitárias.

Hoje, por exemplo, os jovens já não têm nenhuma necessidade de construir uma carreira sólida dentro de uma empresa respeitável, como os chamados baby boomers almejavam.

Como determinar uma estratégia, então?

Com base no cenário acima, entenda que as pessoas possuem necessidades diferentes daquelas que você acha importante. É um exemplo clássico de “atendimento ao cliente”, onde eu observo o comportamento do outro para definir minhas estratégias. Neste caso, meu “cliente” a ser fidelizado é o meu funcionário, e para isso preciso entender o que ele mais valoriza.

Veja:

De nada adianta oferecer estabilidade profissional a um Geração Z ou Millennial. Isso tem pouco valor para eles. Mas pode funcionar muito bem com um Baby Boomer ou Geração X.

Ofertar uma bolsa de graduação numa universidade com curso presencial pode ser uma vantagem enorme para geração X ou Millennial. Mas para geração X em diante, talvez investir em soft skills, com treinamentos específicos, curtos e que atendam a uma necessidade de conhecimento imediata de cada funcionário, terá muito mais valor percebido.

Para alguns, ser uma empresa 'pet friendly' pode parecer bobagem. Para Geração Z e Millennial essa é uma causa ambiental e social importante, que pode gerar identidade com a empresa e a consequente vontade de permanecer por mais tempo.

Um programa de renda variável (comissionamento) funcionará muito bem com os Millennials, já que estimulará seu lado competitivo. Mas terá que ser mais bem desenvolvido entre os demais perfis profissionais.

Dinheiro não é tudo para as gerações mais recentes. Observei no mercado, e na minha própria empresa, a migração de talentos para empresas pequenas e com salários pouco menores em troca da qualidade de vida, que se traduz em:

  • Ambiente de trabalho harmônico

  • Estruturas de convivência pensadas no bem-estar do trabalhador

  • Espaço para descanso

  • Sala de descompressão

  • Horários de intervalo e descanso obedecidos

  • Ausência de mudanças repentinas de escalas

  • Liderança respeitosa e justa

  • Etc.

Mas também existem dicas que se aplicam a todas as gerações. Vamos ver?

Seleção assertiva

Opte por pessoas que compartilham dos seus valores para trabalhar. As empresas escolhem as pessoas e as pessoas escolhem as empresas.

A tarefa de reter talentos já começa no processo seletivo, que precisa de critérios rigorosos para evitar equívocos na contratação.

Tenha em mente quem você está procurando e seja objetivo com o candidato sobre as expectativas, a realidade e as possibilidades de desenvolvimento e crescimento na empresa. Isso inclui avaliar em qual geração ele está inserido.

Desenvolvimento

TREINAR É ESSENCIAL E AJUDA A RETER TALENTOS!

Investir em capacitação ajuda muito na retenção da equipe, além de garantir profissionais mais preparados para realizar suas atividades. Ter bons colaboradores garante a continuidade da excelência no serviço prestado pela sua empresa e evitar novos gastos, de tempo e dinheiro, com seleções e treinamentos.

Proximidade

É saudável chamar seus funcionários por seus nomes. A proximidade com o seu funcionário permite compreender as necessidades profissionais dele e disponibilizar meios para que ele possa supri-las.

Oferecer um bom ambiente de trabalho, no qual a equipe seja ouvida, tenha autonomia e receba feedbacks constantes, sendo reconhecida pelo que ela desenvolve.

Também é importante conceder benefícios sempre que possível, incluindo plano de saúde, vale-transporte, alimentação e outros. Pode ser que, pelo tamanho da empresa, você pense que esses benefícios acabam saindo caros demais, mas use sua criatividade para criar benefícios flexíveis que vão atender seus colaboradores, como planos de internet, celular ou plataformas de entretenimento legalmente compartilhadas.

Liderança

O exemplo de profissionalismo deve vir do próprio empresário, isto é, ao ser o melhor chefe, você terá o melhor funcionário.

Seja uma figura de referência para quem trabalha na sua empresa, tornando-se uma inspiração na busca pelo crescimento profissional.

Crie condições que permitam ao funcionário ter prazer no dia a dia de suas atividades profissionais, de modo que ele não trabalhe apenas pelo salário.

Dicas gerais:

  • Ouça o funcionário, encoraje-o a expor suas ideias e considere o que é dito.

  • Incentive os profissionais a trabalharem juntos, sem competir.

  • Crie um ambiente confortável, tenha um espaço de descanso e invista em uma decoração agradável.

  • Ofereça cursos e novas oportunidades de aprendizado para sua equipe.

  • Elogie e não seja o tipo de chefe que se apega aos erros.

  • Exalte os acertos das pessoas que trabalham para você.

  • Desafie e dê novas oportunidades de trabalho.

  • Faça com o que o funcionário sinta que tem liberdade para executar sua função.

Essas dicas não representam mais despesas, mas um investimento que será reproduzido no desempenho do quadro de funcionários.

Lembre-se: Turnover (rotatividade de pessoas) custa caro. Além dos custos de rescisão, que são objetivos, ainda temos o custo em treinar e capacitar uma equipe dentro do seu padrão cultural, que é imensurável.

Reter talentos é uma estratégia que deve ser pensada e trabalhada para aproveitar melhor seus recursos, manter a cultura organizacional e manter alto os padrões de atendimento e de qualidade dos processos internos.