Roberto James
Administrador e Mestre em Psicologia, professor, palestrante, especialista em comportamento do consumidor, especialista em logística, colunista das principais revistas do mercado.
Uma reflexão sobre o mercado americano e sua mania de autonomia
Quando se fala em mercado autônomo, se pensa logo em muito dinheiro com câmeras, softwares e equipamentos altamente tecnológicos para realizar tarefas antes executadas por seres humanos. Alguns setores, no Brasil, atingiram o ápice dessa tecnologia, como, por exemplo, os bancos.
Os apps bancários, o PIX, e todas as inovações pressionadas pelas famosas fintechs fizeram o Brasil sair na frente e atingir um patamar bancário quase inexistente nas economias emergentes. Isso é um exemplo e faz com que bancos como Nubank, Inter, Nomad, C6 bank entre outros briguem de igual para igual com Banco do Brasil, Caixa, Bradesco, Itau e Santander...
Isso, sim, é fomentar a competitividade e ajudar o mercado a trazer mais opções aos seus clientes. Mas parece que o serviço autônomo, no Brasil, só favorece alguns setores. Porque quando comparamos com países mais desenvolvidos, vemos que o mercado é livre mesmo. Veja o caso dos EUA, no que diz respeito a Postos de combustíveis.
Na América do Norte, os postos podem funcionar com Self Service. O que isso quer dizer? Não é proibido ter frentista, quem quiser trabalhar com equipe na pista pode. Por que dificilmente se encontra um posto com frentista? Porque a mão de obra cara, diminui a competitividade. E o revendedor, que geralmente tem o combustível como um dos seus produtos dentro do mix, usa mão de obra nos produtos que dão margem melhor, como a loja de conveniência.
Lá o mercado realmente é livre. Mas não só os postos. A liberdade do varejista de ter ou não atendimento autônomo melhora a margem e a competitividade das empresas. Apesar da mão de obra ser mais barata no Brasil, os governos com seus altos impostos acabam tornando essa mão de obra até mais cara que nos EUA.
Permitir o autoatendimento é questão de livre-comércio. Não se trata de regra ou lei, mas de opção. Esta que os varejistas norte-americanos têm a seu dispor e o brasileiro não. O mercado americano é altamente livre e isso se estende a diversos setores como, por exemplo, o de mudança. "Faça você mesmo a sua mudança" Slogan de uma empresa americana. Você pode alugar uma van, um mini caminhão com reboque para o seu carro, entre outras diversas opções, por exemplo, numa empresa chamada U-hual. Mostrando que a possibilidade do "Faça você mesmo", não está restrito ao varejo, mas está fincado na cultura da competitividade. Quer mais barato? Faça você mesmo.
Temos a tecnologia, temos a expertise, temos a necessidade de nos tornamos mais competitivos, mas não temos as possibilidades da mesa. O governo é quem dita se seremos competitivos ou não, mesmo que depois jogue a culpa dos preços altos nas costas do empresário.
É claro que a solução para a revenda se tornar mais competitiva está no Self Service, mas do que dar liberdade ao empresário de decidir os rumos do seu negócio. Deixar o consumidor escolher como, quando e onde quer ser atendido é fundamental para o crescimento inovador de qualquer setor. Barrar isso é o mesmo que frear o pensamento criativo e a inovação.
Como disse no parágrafo anterior, tolher o poder de decisão do consumidor, do pagador de impostos, de quem paga todas as contas do governo e das empresas, é uma espécie de subserviência. É quase que uma escravidão. Você tem que ter o direito de escolher. O consumidor merece essa chance, porque ele quem banca tudo.
Veja que não se trata do direito de mais de 400 mil frentistas de trabalharem, essa decisão não cabe aos frentistas, ao governo e tão pouco aos revendedores. Quem tem que ter o poder de decidir como quer ser atendido é o consumidor. Quando ele não quer se servir no restaurante que tenha self service, ele procura um à la carte. Nem por isso os restaurantes demitiram os garçons.
Quando um consumidor não quer viajar de ônibus ou avião, ele aluga um carro. A decisão é dele. Ele vai decidir se os postos terão ou não frentistas para atender. Não há nenhum negócio dentro do varejo que exige, obrigatoriamente, a presença de um atendente, somente os postos de combustíveis.
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Roberto James
Autor e Mestre em Psicologia
Especialista em comportamento do consumidor