Carlos Bispo
Carlos Bispo é empreendedor digital e mentor de empresários da revenda de combustíveis, sendo um dos principais especialistas e consultores sobre gestão do ramo.
Nos últimos anos os postos revendedores por todo o Brasil passaram por uma espécie de prova de resistência ou quiçá, por uma prova de sobrevivência durante o período pré e pós pandemia.
Passando pela crise de desabastecimento em 2018, passando por pandemia entre 2020 e 2021, engatando efeitos colaterais da guerra na Ucrânia. Enfim, crises internas e externas.
Não dá para negar que a aceleração do aprendizado na gestão de um posto avançou sem precedentes.
Mas será que realmente seu Posto de Combustível está protegido ou preparado para uma nova crise?
E ainda, qual postura define um posto estar ou não preparado para uma nova crise no setor?
Costumo dizer que crises causadas por eventos do ambiente externo (governo, pandemia, guerra) apenas potencializam uma crise já existente.
O fato é que a falta de gestão em um negócio ou preparação financeira, podem tornar um posto de combustível muito mais vulnerável e frágil para combater os desafios de mercado.
Vou tentar de maneira simples e objetiva mostrar para o empresário da revenda como a gestão financeira pode ser a melhor ferramenta a prova de falhas quando o objetivo é se proteger contra eventuais crises.
Como se preparar para uma possível crise com antecedência
Antes é preciso relatar a realidade no segmento da revenda de combustíveis é que sobra de capital ou reserva para emergências é algo quase raro. Apenas 20% dos postos conseguem constituir uma reserva que seja suficiente para manter as portas abertas por mais de dois meses.
Essa quase rara reserva e sua finalidade é conhecida como “open doors number” (número para manter as portas de uma empresa aberta).
Se formos um pouco mais conservador, diríamos que o “open doors number” ideal seria para um período mínimo de seis meses.
Sabemos que no segmento da revenda de combustíveis esse número é muito difícil. Mas claro, para grandes redes ou grupos de investimentos, pode ser possível.
O fato é que, se você manter uma disciplina e controle ideal das entradas e saídas de caixa, muito mais fácil será sua previsibilidade em estar constituindo uma reserva para emergência.
O ponto crucial para se conseguir isso é ter políticas e processos bem definidos no que diz respeito a retiradas de salários e destinação do capital de giro.
Se você conseguir dominar todo fluxo, mais fácil você terá controle sobre o ciclo financeiro e saberá o quanto realmente precisa para estar preparado, e o melhor, conseguir prever quantos meses precisará para compor a sua reserva para emergência.
O que muda quando a crise chega?
Importante ressaltar que nunca estamos preparados para lidar com uma crise, seja ela interna ou externa.
Mesmo que esteja preparado com a reserva de emergência, vai se perder dinheiro de alguma maneira.
Mas com essa reserva o impacto pode ser menor, perdendo praticamente um valor que estava excedente no seu giro e o fluxo de entradas e saídas não sofrerá impacto. Doerá menos.
Diferentemente de quando você não está preparado, pois com a falta de vendas, não há composição da margem de contribuição e, com isso, todos os recebimentos realizáveis nesse período, serão destinados a cobrir despesas fixas.
O problema maior é quando retomar a operação, onde o capital de reposição de estoques de combustíveis não se formará. Nesse caso, como não havia capital excedente, o capital de giro foi consumido.
Enfim, sabemos e é óbvio que crises seja ela de desabastecimento ou até mesmo sanitária não tem data definida, bem como torcemos para que não exista tão logo, mas fica um sinal de alerta que é preciso pensar em fazer a gestão financeira e constituir uma reserva para emergência.
Canja de Galinha não faz mal a ninguém! Portanto, se prepare sempre e tenha uma gestão preparada para qualquer crise.
Até a próxima!