Carlos Bispo
Carlos Bispo é empreendedor digital e mentor de empresários da revenda de combustíveis, sendo um dos principais especialistas e consultores sobre gestão do ramo.
O capital de giro no posto de combustível funciona como um cilindro de oxigênio para um mergulhador. O mergulhador devidamente abastecido de oxigênio fará um bom mergulho. Caso contrário, ele pode ter que voltar à superfície e não cumprirá o seu propósito naquele momento.
Enquanto no posto de combustível, o empresário tem como seu oxigênio o capital de giro. Estando devidamente abastecido, existem grandes chances de manter seu propósito firme, que é comprar bem e vender bem o combustível, gerando lucros e mantendo sua atividade de maneira saudável.
Portanto, o capital de giro exerce um papel fundamental no ritmo das compras e vendas de combustíveis e assegura a capacidade financeira para manter a atividade fim.
Quanto à finalidade, o capital de giro representa quanto dinheiro está girando no posto, assegurando capacidade financeira desde o período da compra até o momento do recebimento, contemplando também a capacidade em pagar as despesas operacionais que a operação exige para o bom funcionamento.
Ou seja, o capital de giro tem como objetivo manter a saúde financeira de um posto empresário de combustível e demais operações que o contemplam.
Como saber qual o valor do capital de giro?
É possível chegar bem próximo do valor ideal para girar a operação do posto no dia a dia, ter um pouco mais de previsibilidade.
Umas das maneiras é manter o CCL (Capital Circulante Líquido) sempre positivo, e para isso utilizamos uma equação ou fórmula bem simples denominado NCG (Necessidade de Capital de Giro)
Basicamente é somar de um lado os bens e direitos disponíveis e realizáveis em curto prazo (Caixa, Bancos, Contas a Receber, Cartões a Receber e Estoques) e no outro lado somar as exigibilidades ou compromissos a serem pagos em curto prazo, tais como: Fornecedores, Salários, Impostos, Empréstimos entre outros compromissos com rápida exigibilidade.
Tendo esses somatórios, o empresário subtrai o montante apurado na somatória das exigibilidades do montante apurado na somatória dos bens e direitos.
Neste caso, o empresário identifica se existe a necessidade de buscar recursos ou se os recursos existentes são suficientes para manter os próximos dias.
Nesse contexto, é importante o empresário assegurar que as despesas operacionais estão ajustadas e também que as vendas estão além de precificadas corretamente, estão com prazo de recebimentos compatíveis com as necessidades de saída de caixa e, o mais importante, que a margem esteja saudável para sua operação.
Esse é um exercício constante que o empresário deve fazer pelo menos uma vez por semana.
Quais as formas de vendas que é preciso considerar para composição do capital de giro?
A maneira mais prudente para o empresário manter o equilíbrio do capital de giro é buscar uma precificação ideal na sua estratégia, aliada a uma política de crédito criteriosa e compatível com a realidade do posto.
Não basta vender muito e de maneira errada e os resultados dessas vendas comprometem a corrosão do capital de giro.
Tem que vender um volume de tal forma que a margem aplicada seja suficiente para contribuir com as despesas fixas e contribuir com os lucros. Afinal, nenhum empresário assume a gestão de uma empresa com a finalidade de gerar prejuízos.
Portanto, a metodologia de precificação exige um esforço por parte do empresário em conhecer os seus números e assim poder precificar da maneira correta sem colocar a saúde financeira do posto em risco.
Por isso torna-se fundamental também uma boa política de crédito que contemple regras para vendas a prazo, evitando risco de inadimplência ou até mesmo atrasos.
O ideal para as finanças do posto é o empresário comprar combustível com o maior prazo de pagamento possível e vender com o menor prazo de recebimento possível, isso faz com que o ciclo financeiro seja menor, requerendo menor capital de giro para financiar a operação.
Como deve ser a política de compra e venda de produtos?
A primeira coisa a se fazer é montar um processo de gestão dos estoques. Combustível possui um valor agregado muito alto e isso faz com que o empresário necessite empregar capital em montantes também muito altos.
Então analise comigo, quanto maior for o estoque, maior será o capital empregado, ou seja, o dinheiro do posto fica alocado no estoque e o caixa do posto fica baixo.
Por isso a recomendação em épocas de instabilidades como estamos nos dias de hoje é trabalhar com estoque de seguranças, ou seja, o menor nível de estoques possível, equivalente a 2 ou 3 dias de vendas.
Logo, se o posto vende em média 3.000 litros por dia, manter no estoque entre 6.000 e 9.000 litros. Claro, analisando individualmente cada produto.
O empresário não tem que buscar ganhos na valorização dos estoques, mas sim, ser muito bom em comprar e vender bem, administrando estoques e preservando o capital de giro.
Mesmo porque pode ocorrer um revés e o empresário ser obrigado a colocar preços muitos próximos ao custo.
Como manter um fluxo de caixa em benefício do capital de giro?
Fazendo o básico, e vejo atualmente o empresário esquecendo que o básico funciona. Ou seja, utilizando as boas e velhas ferramentas da gestão financeira.
Primeiramente, elaborar um planejamento de vendas para os próximos meses. Nesse planejamento “Volume de Vendas de Combustíveis e Precificação" estejam alinhados com as boas práticas das finanças, com olhar a margem de contribuição.
Em paralelo, elaborar um bom orçamento de despesas fixas operacionais deve ser realizado de tempos em tempos. E detalhe, o mais importante que fazer um orçamento, é fazer cumprir o orçamento.
Mantendo sempre atualizado o fluxo de caixa do posto, devidamente suportado por informações lançadas diariamente no sistema de gestão do posto. Podendo tomar decisões sobre assumir compromissos novos ou até mesmo identificar uma necessidade de reposição do capital de giro.
Diante desse contexto, o fluxo de caixa respeitará o planejamento financeiro com mais vigor e maior previsibilidade do caixa disponível, equilibrando o capital de giro, sem surpresas.
Enfim, como realizar uma gestão profissional sem desvios?
Seguindo fielmente os apontamentos e recomendações anteriores que fiz neste artigo.
Adicionando apenas o bom uso e costume de analisar os demonstrativos de resultados na tentativa de revisar os números que realmente interessam para o empresário da revenda tomar as melhores decisões, pautadas na situação financeira real que possui naquele momento.
A gestão financeira funciona como um “alicerce” de uma casa, se estiver bem feito, tudo que vier pela frente estará seguro.
Dúvidas, estou à disposição.